Domingo, 15 de fevereiro de 2015.
De Diamantina/MG a Santo Antônio do Norte (Tapera)/MG (113 km).
Mais um dia de viagem pelo Caminho dos Diamantes da Estrada Real onde vi belas paisagens ao longo de todo o trajeto. Este é o relato de mais um dia na viagem de moto que realizei pelo Caminho dos Diamantes, na Estrada Real, durante o mês de fevereiro de 2015. Do asfalto das principais rodovias às trilhas no meio do mato, passando por grandes cidades e vilarejos no alto da serra, cruzando belas paisagens e refazendo o mesmo caminho percorrido por viajantes da época do Brasil-colônia... continue lendo para acompanhar a viagem.
Trajeto da viagem
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Trajeto de Diamantina/MG a Santo Antônio do Norte/MG. |
Uma bela gruta pelo caminho
Antes de iniciar definitivamente a viagem pelo Caminho dos Diamantes já sabia que trafegaria, na maior parte do trajeto, por estradas de chão de terra e, por vezes, até por algumas trilhas que fazem parte do caminho. Até esse momento, ainda não havia realizado viagens que se compunham na maior parte de estradas não asfaltadas. Não sabia como a moto reagiria a essas condições, apesar de tê-la mandado para uma boa revisão antes do início da expedição.
Dessa forma, tinha em mente a intenção de acordar sempre bem cedo para iniciar a viagem e evitar encerrar o trajeto do dia muito tarde, já ao anoitecer. O planejamento era o de findar o percurso diário por volta das 16h30, no máximo, pois, agindo assim, se algum imprevisto acontecesse com a moto até esse horário, ainda haveria tempo e claridade para sair em busca de ajuda.
Com disciplina, levantei-me às 6h da manhã. Desde o dia anterior, preocupei-me em deixar meus pertences da forma mais organizada possível para que não perdesse tempo arrumando-os para a partida. Com tudo pronto, tomei café e deixei o hotel às 7h em ponto.
Antes de deixar a cidade de Diamantina/MG, parei em frente ao primeiro marco que encontrei da Estrada Real para registrar uma foto.
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Primeiro marco do caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
Já era o final da cidade de Diamantina/MG e estava quase na divisa do asfalto com a estrada de terra, então, lembrei que é uma boa prática esvaziar os pneus um pouco para que tenham maior contato com o chão e haja mais estabilidade na condução pelas estradas de chão de terra. Assim o fiz e logo depois tomei rumo e parti.
A poucos km de distância, o primeiro ponto turístico que visitei foi a Gruta do Salitre, na estrada para Curralinho/MG. É famosa por possuir uma ótima acústica e por frequentemente servir de palco para apresentações musicais. Inclusive já foi cenário para gravação de cenas de novela. É formada por grandes pedras de quartzo que dão à estrutura da gruta uma bela paisagem. Também é bastante procurada por praticantes de rapel e escalada.
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Visão externa da Gruta do Salitre. |
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Entrando na Gruta do Salitre. |
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Gruta do Salitre - entrada. |
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Ilusão de óptica na Gruta do Salitre - mapa do Brasil. |
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Escaladores na Gruta do Salitre - á direita. |
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Conhecendo a Gruta do Salitre. |
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Visita à Gruta do Salitre. |
Apreciando a paisagem
Após conhecer a Gruta do Salitre, segui em frente. O céu estava com poucas nuvens e logo de manhã o tempo já dava sinais de que seria um dia quente. Mas, não estava preocupado com isso. Meu temor maior era de que chovesse durante a expedição, pois, aí sim, poderia ter problemas na pilotagem da moto em estradas cheias de barro e chão escorregadio.
Fui seguindo com calma e sem pressa, apreciando a paisagem e parei diversas vezes para bater fotos. Encontrei um grupo de ciclistas que fazia o percurso em sentido contrário ao que eu seguia. A todo momento contornava e transpunha montanhas, percorrendo de moto ao longo da Serra do Espinhaço, cuja vista, quando no alto da serra, era um deleite para os olhos.
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Belo contraste de terra vermelha da estrada. |
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Um bonito vale. |
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Passei por várias pontes ao longo do trajeto. |
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Uma parada estratégica. |
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Grupo de ciclistas percorria pelo caminho contrário. |
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Vista do alto da serra. |
Apesar de estar com o GPS, em todos os pontos onde havia bifurcação na estrada também existia um dos marcos de concreto da Estrada Real para sinalizar o caminho que deveria ser seguido.
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O marco da Estrada Real, à esquerda, indicando qual caminho seguir. |
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Descendo a serra. |
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Chegada ao vilarejo de Vau/MG. |
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E agora? Onde está o marco da Estrada Real? |
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Cruzando rios pelo Caminho dos Diamantes. |
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Um belo cânion. |
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Vista do rio Jequitinhonha. |
A 33 km de Diamantina/MG, o próximo carimbo registrado no passaporte da Estrada Real foi obtido em São Gonçalo do Rio das Pedras/MG.
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Igreja em São Gonçalo do Rio das Pedras/MG. |
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Uma moto em São Gonçalo do Rio das Pedras/MG. |
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Belo jardim em São Gonçalo do Rio das Pedras/MG. |
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No centro de São Gonçalo do Rio das Pedras/MG. |
Aproveitei para visitar a Cachoeira do Comércio, mas, não entrei na cachoeira, pois, tinha a intenção de futuramente retornar em cada uma das cidades que compõem o trajeto para de fato aproveitar e conhecer melhor os pontos turísticos de cada localidade.
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Mirante da Cachoeira do Comércio. |
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Na Cachoeira do Comércio. |
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Cachoeira do Comércio. |
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Cachoeira do Comércio. |
Pontos turísticos de São Gonçalo do Rio das Pedras/MG e região
- Igreja Matriz - coordenadas GPS: -18.415109, -43.494537.
- Praça do Comércio - coordenadas GPS: -18.417719, -43.495899.
- Cachoeira do Comércio - coordenadas GPS: -18.416782, -43.498082.
- Cachoeira da Grota Seca - coordenadas GPS: -18.419899, -43.462220.
Atenção com a bagagem!
Segui em frente e logo cheguei em Milho Verde/MG, 30 km adiante. Distrito de Serro/MG e localizada bem próxima à nascente do rio Jequitinhonha, é uma cidadezinha tranqüila e calma, com as ruas ainda em chão de terra batida. Típico vilarejo de interior, bom para passar um fim de semana e fugir da agitação das grandes cidades.
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Pelas estradas do Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
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Chegando em Milho Verde/MG. |
Cruzando o vilarejo, bem ao lado da estrada parei em frente a uma porteira que dava acesso à Cachoeira do Lajeado. Teria que andar alguns metros para chegar até a cachoeira e, a princípio, fiquei receoso de sair de perto da moto porque minha mochila estava amarrada a ela apenas com uma rede-aranha.
De qualquer maneira, arrisquei andar um pouco. Não sabia ao certo o quanto teria que me afastar e se perderia a moto de vista na travessia. Caminhei até um ponto intermediário em que não a tinha mais à vista, mas, também, não havia chegado na cachoeira propriamente. Minha preocupação foi aumentando até que a ansiedade foi mais forte do que a vontade de conhecer a cachoeira e, assim, terminei por retornar até o estacionamento.
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Caminho para a Cachoeira do Lajeado em Milho Verde/MG. |
Para solucionar o problema teria que desamarrar a mochila e leva-la comigo. Achei conveniente retornar com mais calma ao local em outra oportunidade. Já era próximo do horário do almoço, então, decidi procurar um restaurante por ali mesmo para matar o que estava me matando: a fome.
Risos
Terminado o almoço, mais estrada. Ainda perto de Milho Verde/MG, vi uma placa indicativa da Cachoeira do Moinho e resolvi tentar conhecê-la. Paguei R$3,00 para entrar. Novamente, larguei a moto no estacionamento, mas, dessa vez, havia um vigia por perto.
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Entrada da Cachoeira do Moinho em Milho Verde/MG. |
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Pedágio para visitar a Cachoeira do Moinho em Milho Verde/MG. |
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No estacionamento da Cachoeira do Moinho em Milho Verde/MG. |
Segui por uma pequena trilha ao lado do rio. Por ser período de carnaval, o local estava cheio de pessoas. Passei por um barzinho e poucos metros à frente chequei em uma queda d’água.
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Cachoeira do Moinho em Milho Verde/MG. |
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Cachoeira do Moinho em Milho Verde/MG. |
Uma situação engraçada até me ocorreu nesse momento, fazendo-me lembrar de outra ocasião de circunstâncias bem parecidas, quando fui alvo de gargalhadas na expedição a Machu Picchu, no Peru, em 2013. Investigue o relato do “Dia 17. H-OVNI: HOmem Viajante Não Identificado” para saber o que aconteceu.
Meu roteiro não disponibilizava muito tempo de parada em cada um dos pontos turísticos que encontrasse pelo caminho. Também tenho por regra nunca viajar por estradas, sejam elas quais forem, sem o uso de vestimentas de proteção e não abro mão disso mesmo que passe por algum incômodo. Então, mesmo com o calor que fazia e o céu limpo deixando o sol exercer sua presença imponente, estava todo encapotado com o macacão de viagem.
Consequentemente, quando chegava em algum local turístico, seja uma cachoeira ou qualquer outro, nem me dava o luxo de tirar o casaco, pois, apenas registrava minhas fotos da passagem pelo local e “cascava fora”. Entretanto, dessa vez não passei ileso e despercebido. Num determinado instante, ao levantar o capacete, onde a câmera estava fixada, para registrar uma de minhas descontraídas “selfies”, presenciei umas gargalhadas cujo alvo, naturalmente, eram a minha descaracterizada aparência.
Obviamente que a reação da platéia não era para menos, pois, haja vista que todos ali, entre homens e mulheres, estavam com suas vestimentas de no máximo duas peças de roupa... quando aparece um sujeito todo coberto, dos pés à cabeça, literalmente, com direito a capacete e botas de cano longo e altura até o joelho, a reação naturalmente não poderia ser diferente.
Ora! Não deixei barato essa afronta. Soltei umas risadas também, bati a foto e dei logo no pé. Antes, porém, dê uma espiada aí na foto, leitor(a). Que beleza de cachoeira! Vai dizer que não valia a pena o desconforto e o constrangimento?
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Muito calor na Cachoeira do Moinho em Milho Verde/MG. |
Depois, continuando a viagem, a menos de 1 km dali vi placa de outra cachoeira que se não me falha a memória era a do Carijó. Abalado pelas experiências recentes nem me dei o luxo de espiar e passei reto. A partir daí, estipulei que uma gargalhada por dia já estaria de bom tamanho.
Alguns pontos turísticos existentes em Milho Verde/MG ou em seus arredores são:
- Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres - coordenadas GPS: -18.469664, -43.499535;
- Igreja de Nossa Senhora do Rosário - coordenadas GPS: -18.473162, -43.498382;
- Cachoeira do Moinho - coordenadas GPS: -18.484273, -43.497335;
- Cachoeira do Lajeado - coordenadas GPS: -18.477496, -43.490404;
- Cachoeira do Piolho (utilizada para a prática de rapel) - coordenadas GPS: -18.473378, -43.516379;
- Cachoeira do Carijó - coordenadas GPS: -18.483652, -43.487239;
- Chafariz (da goiabeira), localizado na área central da vila, coordenadas GPS: -18.471642, -43.499002;
- Cachoeira do Canela - coordenadas GPS: -18.483785, -43.474161;
- Outros para os quais não achei a localização exata:
- Pico do Cruzeiro Novo a 5 km de distância do vilarejo;
- Caverna do Lajeado;
- Formação rochosa das Serra dos Santos.
- Cachoeira dos Ausentes - a 6 km de Milho Verde/MG;
- Cachoeira Campo Alegre - a 8 km d e Milho Verde/MG;
- Cachoeira dos Macacos - na Fazenda dos Macacos, próxima à Cachoeira do Piolho.
Motociclistas pelo Caminho dos Diamantes
Muito bem, Serro/MG foi a próxima parada para registro de carimbo no passaporte da Estrada Real. Ao chegar na cidade encontrei três outros motociclistas que vinham de Brasília/DF e percorriam, não o trajeto original, mas, apenas algumas das cidades pertencentes aos caminhos da Estrada Real.
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Um pouco de asfalto no Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
Estavam em motos de média cilindrada (600cc) e até propuseram que me juntasse a eles, porém, acabei recusando porque meu trajeto era completamente diferente do roteiro deles. Além disso, eu seguia devagar, apreciando a paisagem e o passeio enquanto que da parte deles o tempo era mais curto e precisariam retornar para Brasília, de onde vinham, até o final do carnaval, na quarta-feira de cinzas. Pelo contrário, eu teria a semana toda de folga.
Outra coisa sobre a qual não sabiam era a respeito do passaporte da Estrada Real, sobre a possibilidade de registrarem carimbos nas cidades e vilarejos pelo caminho e ao final poderem obter um certificado de conclusão do trajeto. Ficaram animados com a ideia.
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Carimbo, certificado e mapa da Estrada Real. |
Veja leitor (a) algumas sugestões de atrativos no site da prefeitura de Serro/MG.
Encerrando o dia de viagem
Passei rapidamente pelos municípios de Alvorada de Minas/MG e Itapanhoacanga/MG.
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Igreja em Alvorada de Minas/MG. |
Alguns atrativos de Alvorada de Minas/MG:
- Mirante da Escadinha - coordenadas GPS: -18.736634, -43.369046;
- Cachoeira da Campina - coordenadas GPS: -18.743538, -43.362890;
- Igreja Matriz Santo Antônio - coordenadas GPS: -18.735390, -43.366068;
- Capela do Cemitério Senhor dos Passos - coordenadas GPS: -18.736285, -43.369073.
Depois, segui rumo a Santo Antônio do Norte/MG (Tapera). Ao longo do trajeto parei várias vezes para registrar fotos das belas paisagens.
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Muitas curvas pelo Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
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Boiada percorrendo os caminhos da Estrada Real. |
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Sempre belas paisagens no Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
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Seguindo para o outro lado da montanha. |
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Belíssima vista no Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
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Marco do Caminho dos Diamantes com uma bela paisagem - Estrada Real. |
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Belo vale no Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
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Uma moto guerreira no Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
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Lá pelas 3h da tarde no Caminho dos Diamantes - Estrada Real. |
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Muitas "costelas" na estrada próximo ao vilarejo de Santo Antônio do Norte/MG. |
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Próximo a Santo Antônio do Norte/MG. |
O vilarejo de “Tapera” tem casas muito simples e baixas e é composto por praticamente uma única rua. A vila foi formada pela aglomeração de seus primeiros habitantes que tinham como finalidade a exploração do ouro.
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Igreja em Santo Antônio do Norte/MG. |
Deviam ser umas 16h30 quando decidi finalizar o percurso do dia e dormir por ali mesmo.
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Pousada em Santo Antônio do Norte/MG. |
Logo consegui abrigo em uma pousada. O único inconveniente aconteceu quando fui tomar banho, pois, o chuveiro desligou após cinco minutos de uso e não houve meio de ligá-lo novamente. Deixei para lá. Lavei só o lado esquerdo do corpo. Bom para economizar água. Bem, decidi que no dia seguinte, para não dar diferença, lavaria somente a outra metade, a do lado direito.
Saí para comprar um lanche na venda ao lado da pousada e para poder utilizar um telefone público para ligar para casa e avisar onde eu passaria aquela noite. Entretanto, dei-me conta de que a fuzarca do carnaval não me deixaria conversar direito. Dessa maneira, fui obrigado a solicitar ao dono da pousada que me deixasse ligar a cobrar para casa. Assim o fiz.
Alguns pontos turísticos de Santo Antônio do Norte/MG:
- Igreja Matriz de Santo Antônio;
- Capela de Sant`Ana - coordenadas GPS: -18.806064, -43.514413.
- Outros atrativos para os quais não consegui achar as coordenadas:
- Grutas;
- Cachoeira do Pica-pau;
- Curral de Pedras.
Hotel: R$80,00
Dicas de viagem
- Andar por estradas de terra é sempre mais complicado e arriscado do que trafegar pelo asfalto das estradas principais e por qualquer motivo pode ocorrer algum problema com a moto. Assim, tente acordar cedo para aproveitar mais a claridade do dia e procure encerrar mais cedo o itinerário. Consequentemente, se acontecer algum imprevisto pelo caminho, haverá mais tempo de claridade para sair em busca de ajuda.
- As estradas de terra ao longo desse percurso estavam em bom estado quando passei. O chão era de terra batida e bem compacto. É natural que, por ser estrada de chão de terra, alguns pontos são mais irregulares do que outros, havendo algumas imperfeições ali e acolá, mas, não me encontrei em nenhum momento tendo grandes dificuldades para vencer o trajeto.
- O link a seguir contém arquivos de rota prontos para serem carregados em modelos de GPS Garmin. São arquivos de rota que criei baseando-me no roteiro original (sentido Diamantina / MG a Ouro Preto / MG). Seu GPS deverá ser de um modelo que tenha suporte a rotas, caso contrário, os arquivos abaixo não terão utilidade.
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