Sábado, 14 de fevereiro de 2015.
De Belo Horizonte/MG a Diamantina/MG (298 km).
Logo no primeiro dia de viagem, vi acidentes, passei por incidentes e tive um bocado de sorte. Mas, tudo terminou bem. Ao final do dia fui recompensado com meu primeiro carimbo no passaporte da Estrada Real. Este é o relato de mais um dia na viagem de moto que realizei pelo Caminho dos Diamantes, na Estrada Real, durante o mês de fevereiro de 2015. Do asfalto das principais rodovias às trilhas no meio do mato, passando por grandes cidades e vilarejos no alto da serra, cruzando belas paisagens e refazendo o mesmo caminho percorrido por viajantes da época do Brasil-colônia... continue lendo para acompanhar a viagem.
Trajeto da viagem
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Trajeto do Caminho dos Diamantes na Estrada Real. |
Ansiedade
Não sei como você, leitor, reage em uma situação dessas, mas, sempre antes de iniciar uma nova expedição de moto surge um sentimento de apreensão e certa dose de ansiedade que me pegam de surpresa pela expectativa do inicio da viagem. Fazem-me pensar se tudo foi devidamente planejado: a bagagem, o trajeto, os mapas, a condição da motocicleta... e por mais que eu tente recordar e revisar todo o planejamento e verificar se não há nada sendo deixado para trás, mesmo assim, sempre restará uma dúvida. É fato.
Porém, de certa forma, a cada nova viagem sinto-me mais acostumado e familiarizado com esses sentimentos. Assim, quando o despertador começa a gritar comigo (literalmente, por causa dos sons personalizados que podemos colocar no despertador do aparelho celular), dou um pulo da cama e saio atropelando quaisquer dessas apreensões que naturalmente tentam me preocupar.
Consequentemente, às 6h da matina, antes mesmo de o sol surgir completamente, já as tinha deixado para trás no primeiro quebra-molas em que tiveram que reduzir a velocidade. Aproveitei a altura mais elevada da moto off road em que eu estava, passei sem dificuldades pelo obstáculo e sumi estrada a frente.
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Saída de BH/MG. Esperando o sinal abrir. |
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Muito movimento de veículos na saída de BH/MG. |
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Belas paisagens no início do dia. |
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Nenhuma nuvem no céu. O dia começa a esquentar. |
Se cochilar o cachimbo cai
No inicio a estrada estava um pouco cheia, provavelmente, por causa do pessoal que costuma sair cedo para passar o fim de semana fora de Belo Horizonte. Não sei. Apenas imaginei.
De repente, em uma longa reta, vi lá na frente um enfileiramento de veículos que percebi estarem parados ou em velocidade bastante reduzida.
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Engarrafamento na estrada para Diamantina/MG. |
Imediatamente veio-me à mente a hipótese de ter havido algum acidente. Aproveitei a vantagem de estar de moto e avancei cautelosamente por entre os carros quando paravam de se movimentar. Logo mais a frente, a confirmação: um carro capotado foi parar tombado no acostamento da estrada.
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Um carro capotado foi o motivo do engarrafamento. |
E a viagem continuou.
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O dia continuava sem nuvens no céu. |
Incidentes pelo caminho
Viajava em torno dos 90 km/h, a uns 40 km da cidade de Curvelo/MG, quando comecei a sentir a moto um pouco instável, como nos momentos em que o vento é forte. Contudo, ali, naquele instante, não ventava. Algo deveria estar errado. Imediatamente reduzi a velocidade enquanto ia deslocando a moto para o acostamento, ao mesmo tempo em que percebia aumentar a instabilidade da parte traseira da moto, até parar por completo.
Antes mesmo de descer da moto, uma certeza me tomou o pensamento e foi confirmada assim que desmontei da moto: por mais que se planeje, nos mínimos detalhes uma viagem de moto, algo ainda pode dar errado... e um pneu furado não estava nos planos de viagem. Bem, pelo menos, não tão cedo assim.
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O pneu da moto furou perto de Curvelo/MG. |
Ora! Como não sou bobo, tinha ali comigo um reparador instantâneo de furos de pneu. Desses que contém uma substância emborracha comprimida para ser injetada pelo bico da câmara de ar.
— Funcionou! – vibrei após ver o pneu se encher.
Guardei rapidamente a garrafa do reparador e em poucos segundos já estava acelerando a moto novamente. No início, um pouco mais devagar, a fim de que a substância se espalhasse uniformemente pelo interior da câmara de ar e pudesse se “assentar” corretamente.
De qualquer maneira, minha alegria durou pouco: apenas uns 2 km. O furo da câmara de ar foi grande demais para que a substância do reparador instantâneo cumprisse eficientemente sua função, pois, o pneu começou a esvaziar novamente. Contudo, estava com sorte nessa manhã, pois, foi o suficiente para me fazer chegar até uma borracharia.
— Ótimo! Será apenas consertar o furo e a expedição seguirá adiante. – Pensei.
Ledo engano! O borracheiro disse que não sabia (ou não queria) mexer na moto. Puxa vida, que azar! Teria que me virar para chamar um reboque e levar a moto até a cidade mais próxima, Curvelo/MG, nesse caso.
Azar? Que nada. Realmente, estava era com sorte. Está ficando confuso leitor? Pois bem, já explico. Quando cheguei até a borracharia, já havia um caminhão reboque estacionado na porta. Assim, apenas solicitei ao motorista que aguardasse alguns minutos até que eu conversasse com o borracheiro para saber se seria possível consertar a moto ali mesmo.
Como não houve negócio ali, com o borracheiro, então, precisei utilizar os serviços do guincho... e lá fomos nós.
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Tive sorte de encontrar um caminhão-guincho por perto.
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Chegamos até uma oficina mecânica e um dos funcionários tinha prática em manutenção de motos, pois, ele mesmo tinha uma. O problema identificado foi que a câmara de ar já estava remendada e nesse mesmo ponto o remendo não foi colocado de maneira correta da primeira vez e acabou se rompendo. Achei melhor que fizessem a substituição da câmara por uma nova.
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Pneu da moto desmontado para troca da câmara de ar. |
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Câmara de ar danificada. |
De volta para a estrada
Pouco tempo depois, já estava na estrada outra vez.
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Belas paisagens no caminho para Diamantina/MG. |
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Quase um túnel formado pelas árvores. |
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Bela paisagem. Caminho para Diamantina/MG. |
Por volta das 11h, cerca de 80 km distante de Diamantina/MG, parei em um posto à beira da estrada para comer algo.
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Uma rápida parada para o almoço. |
A viagem seguiu seu rumo e passei por belas paisagens nesse trecho final do primeiro dia de viagem.
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Uma leve descida na estrada. |
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Ao longe, as únicas montanhas pela região. |
Enfim, Diamantina/MG
Cheguei em Diamantina/MG por volta de 13h. Posso informar que as estradas pelas quais passei (BR-040, BR-135 e BR259) estavam em boas condições desde Belo Horizonte/MG.
Havia passado por um hotel na entrada da cidade, mas, preferi avançar um bocado mais para tentar encontrar algum mais perto do centro. À medida que avançava observei que a bagunça e agitação aumentava exponencialmente, então, desisti e optei por retornar e verificar se havia vaga naquele hotel no início da cidade.
Após ter me acomodado e guardado minha bagagem, tomei um banho e chamei um táxi para dar uma volta pela cidade. Não tinha pesquisado antecipadamente por nenhum ponto turístico, então, achei que assim seria mais assertivo na procura.
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A vista do hotel. |
Para resumir, o taxista me levou a alguns dos pontos turísticos da cidade tais como:
- a estátua de Juscelino Kubitschek, localizada no centro de Diamantina/MG;
- a casa de Juscelino, e;
- a casa da Chica da Silva – uma escrava alforriada que viveu em Diamantina na época do Brasil Colônia (meados do século XVIII) e em união estável com o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, seu senhorio à época. Apesar dessa relação não ter sido um caso isolado de envolvimento entre homens brancos e escravas, distinguiu-se por ter sido um dos primeiros casos públicos e por ter ocorrido com um dos homens mais ricos e importantes da região (fonte: Wikipedia).
Um belo passeio!
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A estátua de Juscelino Kubitschek. |
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A casa da escrava Chica da Silva. |
Também notei que, definitivamente, quem tem pressa não pode morar nas ruas da região central de Diamantina/MG, pois, são todas de calçamento de pedras grandes e irregulares que obrigam os carros a trafegarem de forma mais devagar.
Pontos turísticos de Diamantina/MG e região
- Catedral Metropolitana Santo Antonio da Sé - coordenadas GPS: -18.244748, -43.597394.
- Vila do Biribiri - coordenadas GPS: -18.145204, -43.620169.
- Casa de Juscelino Kubistcheck - coordenadas GPS: -18.244857, -43.600278.
- Passadiço da Glória - coordenadas GPS: -18.241559, -43.601581.
- Casa da Chica da Silva - coordenadas GPS: -18.246696, -43.596747.
- Museu do Diamante - coordenadas GPS: -18.244465, -43.597894.
- Gruta do Salitre - coordenadas GPS: -18.278407, -43.536130.
- Caminho dos Escravos - coordenadas GPS: estrada de 20km que liga Diamantina/MG a Mendanha/MG.
- Garimpo Real - http://garimporeal.com/site/sobre/
- Cachoeira da Toca - coordenadas GPS: -18.228181, -43.634095.
- Cachoeira da Sentinela - coordenadas GPS: -18.183521, -43.617430.
- Cachoeira dos Cristais - coordenadas GPS: -18.157430, -43.598992.
Cadê meu passaporte
No fim do passeio pedi ao taxista que me levasse ao local onde pegaria meu Passaporte da Estrada Real. Na verdade, um hotel, onde também está fixado o primeiro marco da Estrada Real do sentido Diamantina/MG a Ouro Preto/MG. Aproveitei para já registrar o primeiro carimbo dessa viagem pelo Caminho dos Diamantes. Veja no artigo Dicas para viajar pelos Caminhos da Estrada Real como fazer para obter o seu passaporte de viagem.
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Passaporte da Estrada Real. |
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Primeiro carimbo no passaporte da Estrada Real. |
Logo em seguida, retornei para o hotel e deixei tudo arrumado para a partida do dia seguinte e início efetivo da viagem pelo Caminho dos Diamantes. Revisei o trajeto a ser seguido no dia seguinte e fui dormir cedo, por volta de 21h.
Só precisei me acostumar um pouco com os carros passando com o volume do som lá nas alturas.
Hotel: R$125,00.
Dicas de viagem
- O link a seguir contém arquivos de rota prontos para serem carregados em modelos de GPS Garmin. São arquivos de rota que criei baseando-me no roteiro original (sentido Diamantina / MG a Ouro Preto / MG). Seu GPS deverá ser de um modelo que tenha suporte a rotas, caso contrário, os arquivos abaixo não terão utilidade.
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