Quinta-feira, 26 de setembro de 2013.
De Posadas/Argentina a Maringá/PR/Brasil (730 km).
Agora sim, voltando ao Brasil. Mas, não sem antes participar de um rally argentino onde motos tombaram e desencontros aconteceram... Este é o relato de mais um dia na Expedição América do Sul, uma viagem de moto que fiz acompanhado do primo Pedro passando por alguns países da América do Sul durante o mês de setembro de 2013. Uma viagem extraordinária em que foram vivenciadas muitas emoções ao longo do trajeto. Passamos calor e frio, tivemos alegrias e dificuldades, momentos de tranquilidade e apreensão. Continue lendo para acompanhar a viagem.
Trajeto detalhado:
Acordamos cedo e por volta das 8h saímos do hotel. Seguimos em direção à estrada pelo mesmo caminho do dia anterior, porém antes, por causa dos gastos excessivos do dia anterior, tivemos que achar um caixa eletrônico para retirarmos mais algum dinheiro. (Leia o relato do Dia 27 – Paciência! Incidentes acontecem para saber o que aconteceu).
Num determinado momento, nos aproximamos novamente do pedágio onde não conseguimos passar no dia anterior. Percebi uma leve sensação de angústia nessa hora. Será que conseguiríamos ir adiante, ilesos, dessa vez? E foi assim que aconteceu, cruzamos aquela região do pedágio sem contratempos e seguimos rumo à fronteira.
Como no hotel não serviram café da manhã, motocamos um pouco mais e logo tivemos que fazer uma parada estratégica na estrada.
Fazendo trilha de moto
Seguindo em frente. Distante aproximadamente 70 km da fronteira com o Brasil, a rodovia estava bloqueada e fomos direcionados para um desvio de estrada de terra. O trajeto do dia, que até então estava bem tranquilo, se tornou uma aventura. Digo isso porque, pelo que observei, pareceu ter chovido recentemente naquele lugar, pois, em alguns pontos a estrada estava bem barrenta e difícil de passar e controlar a moto. Também houve engarrafamento e subidas íngremes. Então, num determinado ponto, onde a estrada se encontrava molhada e com poças de água e barro, depois de um descuido, o pneu dianteiro escorregou fazendo com que a moto tombasse. Não foi nada grave, pois, a velocidade era bastante lenta. Apenas saí com a lateral do alforge toda suja de barro.
O Pedro já se encontrava mais na frente, pois, antes de entrar na estrada de terra eu tinha ficado algum tempo preso atrás de um caminhão, sem ter como ultrapassá-lo. Assim, não fazia a menor ideia de quanto mais adiante ele estava.
Ao chegar ao fim desse caminho de terra, que terminou de encontro a uma cidadezinha, pensei que veria o Pedro, mas, nem sinal dele. Pedi informações a um morador local para sair dali e fui tocando em frente, em direção ao Brasil. Como tínhamos nos afastado um do outro, ele resolveu parar em um posto de gasolina dessa cidade onde a estrada de terra terminava, mas, acabei passando direto.
Consequentemente, faltando uns 30 km para chegar ao Brasil, parei em um posto de fiscalização na rodovia e perguntei aos policiais se já havia passado por ali uma moto com as características da motocicleta do Pedro. Entretanto, disseram que nem uma única moto havia passado até aquele horário ainda.
O painel já indicava que a gasolina chegara na reserva, assim, perguntei sobre o posto mais próximo à frente e me informaram que se localizava mais para trás, no sentido de volta para o interior da Argentina. Então, quando já me preparava para voltar, vi o Pedro passando pelo Posto de controle policial. Fiz sinal e ele se aproximou. Bem, menos um problema.
Enfim, chegamos na fronteira com o Brasil. Registramos nossa saída da Argentina sem burocracia alguma (não tive nem mesmo que descer da moto).
Era hora de encararmos a aduana brasileira. Dessa forma, estacionamos as motos perto do escritório da aduana e fui perguntar quais seriam os procedimentos para registrarmos nossa entrada no Brasil. Quando abordei um funcionário, no balcão de atendimento, os trâmites foram tão rápidos e sem burocracia que fiquei até impressionado, de “qualidade”, “primeiro mundo”. Assim que terminei de indagá-lo sobre o que precisávamos fazer, ele disse:
Foto cedida pelo Pedro
Era hora de encararmos a aduana brasileira. Dessa forma, estacionamos as motos perto do escritório da aduana e fui perguntar quais seriam os procedimentos para registrarmos nossa entrada no Brasil. Quando abordei um funcionário, no balcão de atendimento, os trâmites foram tão rápidos e sem burocracia que fiquei até impressionado, de “qualidade”, “primeiro mundo”. Assim que terminei de indagá-lo sobre o que precisávamos fazer, ele disse:
“Não tem que fazer nada, é só passar!”
Mas... que “beleza”! Não tivemos que apresentar quaisquer documentos. Era só ir passando. Então, fazer o quê? Passamos.
No momento em que saíamos, um cara, apresentando uma conversa fiada nos abordou e começou a fazer perguntas muito sem sentido. Perguntou por onde tínhamos viajado e se ele do jeito que estava naquele momento já poderia começar a viagem.
"Está de brincadeira!" Pensei.
Imaginei duas alternativas: ou ele era um bandido tentando nos enrolar enquanto seus comparsas se preparavam para agir ou, então, ele era retardado. De qualquer maneira, não tínhamos tempo, e muito menos intenção, de confirmar nem uma coisa nem outra. Cordialmente, agradecemos a atenção do sujeito e fomos embora logo.
"Está de brincadeira!" Pensei.
Imaginei duas alternativas: ou ele era um bandido tentando nos enrolar enquanto seus comparsas se preparavam para agir ou, então, ele era retardado. De qualquer maneira, não tínhamos tempo, e muito menos intenção, de confirmar nem uma coisa nem outra. Cordialmente, agradecemos a atenção do sujeito e fomos embora logo.
A história é sempre a mesma. Só mudam os personagens
Paramos no primeiro posto de gasolina que encontramos no Brasil e fizemos câmbio. Troquei o pouco de dinheiro que sobrou de pesos argentinos e pesos chilenos, porém, não consegui trocar alguns nuevos soles que restaram da passagem pelo Peru. Depois, tomamos apenas um lanche rápido e nos preparamos para partir.
Enquanto isso chegou um grupo composto de 4 motociclistas que também vinham da Argentina. Um deles estava com a lateral da calça e da moto toda suja de barro. Até parece que eu já não sabia o que tinha acontecido... e ele nos contou que atropelou uma vaca, lá naquele desvio de estrada de terra por onde também havíamos passado horas antes. Da mesma maneira, reclamaram muito do Paso Jama, ou seja, aquela região na fronteira do Chile com a Argentina, entre San Pedro de Atacama/CL e Susques/AR. Concordei com eles de que aquela lugar é realmente um pedaço do inferno na terra, devido às condições climáticas.
Alô! Quem fala? Queremos confirmar nossa presença
Nos despedimos e seguimos em frente. Após uma ultrapassagem aqui e outra ali, sem sustos, chegamos em Maringá/PR em torno das 19h e, como não era novidade nenhuma, minha corrente já estava folgada de novo. Mais um aperto a ser feito...
Encontramos um hotel no início da cidade e fui verificar se havia acomodações disponíveis. Sim, havia! Após alugar um quarto, fui avisar o Pedro. Pois bem leitor, nesse momento preciso desabafar, é hora de chorar as mágoas. Levantei e apontei o dedo na frente do nariz do Pedro e lhe disse algumas palavras:
“Olha só, sujeito, na maioria das vezes que deixei por sua conta a tarefa de achar um quarto de hotel, você só me arrumou encrenca:
- Copacabana/Bolívia. 3.840 metros de altitude. 107º (centésimo sétimo) andar. Dava pra ver os Boeings passarem raspando ao lado da janela do quarto. Umas 4 viagens de sobe e desce para guardar a bagagem;
- Chivay/Peru. 3.635 metros de altitude. 95º (nonagésimo quinto) andar. Víamos os paraquedistas ainda caindo em queda livre pelo ar, passando como uma bala pela janela. Três viagens carregando a bagagem até lá em cima.
- e outras..."
Logo em seguida, concluí:
“Está vendo essa chave (a do quarto alugado no hotel)? Então... passe aquela portaria, siga direto pela recepção e... nada mais.”
- Maringá/PR. Altitude? Não importa, estou conseguindo respirar muito bem depois de qualquer esforço. Andar? Térreo."
Maravilha! Fizemos uma única viagem carregando as malas e utensílios para dentro do quarto.
Para encerrar o dia, pedimos pizza. Ainda, em conluio com o Pedro, ligamos para o primo Tiago com a intenção de confirmarmos nossa presença no churrasco. Quando disse isso o Pedro, arteiro, puxou o coro das gargalhadas. E o primo, do outro lado da linha, com voz assustada e incrédula, desentendido do que acontecia, inocentemente ainda teve a ousadia de retrucar:
“Gilberto, mas, que churrasco?”
Não perdi tempo em responder:
“Ora Tiago! O churrasco que nós decidimos que você vai fazer pra gente.”
Fiquei até com vergonha porque era noite e os outros hóspedes, que acredito já estarem descansando àquela hora, devem ter se incomodado com a altura da risada do Tiago. Sem ter muita paciência com gente malcriada, passei logo o telefone para o Pedro, que deu fim àquela pendenga toda. Por fim, churrasco marcado!
Acomodações da vez:
Hotel: R$45,00 (US$19,56)
SOBRE O AUTOR
Muito bom seu relatório já fiz isto de carro e também outras pela América do do sul incluindo visita a galápagos, lima, santiago e outras cidades sul americanas. quero contactar viciados em estradas para possível viagem té o panamá, imagino ser ótimo esta aventura.
ResponderExcluirOpa. Viajar é bom mesmo, não? Principalmente, se tudo saiu como planejado. Mas, se por outro lado a viagem se acabar se transformando numa aventura em que o final foi feliz, melhor ainda...
ExcluirÉ isso aí, planejar, partir... e contar depois.
Um abraço!
Desculpe: pretendi dizer "... a viagem acabar se transformando..."
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