Segunda-feira, 23 de setembro de 2013.
San Salvador de Jujuy/Argentina a Pampa Del Infierno/Argentina (631 km).
San Salvador de Jujuy/Argentina a Pampa Del Infierno/Argentina (631 km).
Sem GPS, tivemos dificuldade em encontrar o caminho para a Ruta 16, no norte da Argentina, que leva à fronteira com o Brasil... Este é o relato de mais um dia na Expedição América do Sul, uma viagem de moto que fiz acompanhado do primo Pedro passando por alguns países da América do Sul durante o mês de setembro de 2013. Uma viagem extraordinária em que foram vivenciadas muitas emoções ao longo do trajeto. Passamos calor e frio, tivemos alegrias e dificuldades, momentos de tranquilidade e apreensão. Continue lendo para acompanhar a viagem.
Trajeto do dia:
A angústia da solidão
Muito bem! Já de pé e tendo tomado o café da manhã, era hora de carregar a moto com a bagagem. Enquanto arrumava meus pertences lembrei-me do nosso companheiro de estrada do dia anterior. Contara-nos que estava em um grupo de cinco motociclistas e que ele e seu amigo acidentado tinham optado por ficar um dia a mais em San Pedro de Atacama/CL, enquanto os outros optaram por seguir viagem de volta para o Brasil.
Comentou também que, dadas as complicações de seu companheiro, teria que realizar a viagem sozinho para o Brasil (leia o relato do Dia24 - Tempestades de areia, frio, acidentes e gases nocivos para entender/relembrar os acontecimentos). Então, me peguei imaginando o quanto seria desconfortável aquela situação, pois, mesmo estando em dupla com o Pedro, já havíamos passado por algumas situações mais complicadas e sabia como poderia ser difícil enfrentá-las estando sozinho.
Noutra ocasião, eu já havia realizado viagem solo, ao sul do Brasil (num tour por Foz do Iguaçu/PR, Serra do Rio do Rastro/SC, Beto Carreiro/SC e Curitiba/PR) e sei como é preocupante, até certo ponto, viajar sozinho. Em cada km você faz torcida para que nada de ruim aconteça, que nenhum pneu fure ou que a moto não apresente problemas, que não encontre pessoas mal intencionadas, etc.
Mas, enfim, apesar de estar só, caso lhe ocorresse alguma dificuldade, tenho certeza de que ele iria superá-las, pois, mesmo que não tivesse meios para se virar sozinho, sempre há pessoas bem intencionadas e dispostas a ajudar, sejam quais forem as circunstâncias. Sem mais rodeios, a bagagem foi ajustada na moto e, dessa maneira, pudemos partir às 10h.
Por onde vamos?
Sob um céu bastante nublado, porém, sem sinais de chuva iminente, precisamos pedir ajuda para encontrarmos uma saída para a rodovia (Ruta 66).Foi um pouco complicado enfrentar aquela parte do trajeto, pois, em alguns pontos nos confundíamos por causa das bifurcações que direcionavam para outras estradas. De tempos em tempos, sempre que ficávamos em dúvida sobre se o caminho a ser percorrido era mesmo aquele em que estávamos, então, parávamos para conferir o mapa ou solicitar informações às outras pessoas.
Em um determinado ponto, precisamos abastecer as motos e, aparentemente, todos escolheram aquela mesma hora para fazer o mesmo. Então, sabem como funciona... como cheguei primeiro, segurei um pouco a fila e os demais tiveram que esperar. Paciência.
Tocamos mais alguns km e senti um forte estrondo, seguido de um ronco interminável. Será um trovão? Não. Era meu estômago avisando que já iria começar a consumir a si mesmo caso eu não tomasse as providências necessárias. Vocês me entendem, não? E antes de fazer a parada estratégica para o almoço, erramos o desvio por onde deveríamos ter seguido, o que nos levou a andar um pouco mais no sentido errado até nos darmos conta do equívoco.
Comi um prato de salada (tomate, alface e cenoura), com arroz e um belo pedaço de bife. E que bife! Os argentinos têm fama de se servirem bem de carne e nos mostraram isso naquele momento. Depois daquela sustança toda, tivemos que continuar a viagem. Quando chegamos, estava ventando muito naquele lugar e, depois do almoço, ao abrir a porta de saída, senti um baque enorme do vento que forçava sua passagem para dentro do recinto. Terminei por vencer essa batalha.
@#$&*...!
Voltamos para a estrada e, em alguns pontos, encontramos muitas ondulações no asfalto e isso nos obrigou a reduzir a velocidade a fim de evitarmos contratempos. Mais adiante batemos de frente com uma encruzilhada. Como não vimos placa indicativa de direção que nos esclarecesse para onde seguir, enquanto o Pedro consultava o mapa no celular, fui pedir informações.Num determinado momento, acho que ambos concordávamos sobre o caminho a ser seguido, mas, por alguma falta de comunicação, o Pedro entendeu que eu queria ir pelo caminho que não era o correto e, assim, “rolou um pequeno estresse”.
Fonte: www.jornaldecorupa.com.br
No final, de fato, tomamos a direção acertada e fui seguindo o Pedro quando, poucos metros adiante, ele encostou a moto para me explicar suas conclusões e eu, naturalmente, consenti dizendo:
“Ué, sim, concordo, é por aqui mesmo. Foi o que o pessoal lá atrás falou também.”
Assim, ele respondeu:
“Então, não estou entendendo o que você diz!”
E eu ainda retruquei:
“Sim! Nós estamos concordando com a mesma coisa desde o início. Eu só estava querendo confirmar a direção a tomar.”
Consequentemente, só vi ele sair furioso, me xingando. Eu fiz o mesmo! Mas, não importa, pois, como já seguíamos a rota certa... o resto era só ladainha de ambos os lados. “Toca pra frente”!
Arrume isso aí
As nuvens já tinham se dissipado e o céu já estava completamente limpo quando notei uma peça solta na moto do Pedro, perto da roda traseira. Quando paramos vimos que o protetor da corrente tinha perdido um parafuso e, do jeito como estava, corria o risco de enroscar na roda e causar um acidente.Dessa maneira, como já estávamos parados, resolvi conferir a corrente da minha moto e percebi que ela já estava folgada. Algo me dizia que, cedo ou tarde, ela iria me causar problemas. Então, aproveitei para, oportunamente, realizar os apertos necessários. Antes de retornarmos para a estrada, decidimos fazer o serviço completo, abastecendo o tanque com a gasolina dos galões reserva. Levamos uns 45 minutos para terminarmos tudo.
Por volta de 19h30, paramos em Pampa Del Inferno/AR por causa do frio que já começava a fazer.
Hotel: $100 pesos argentinos (US$17,33)
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