Domingo, 15 de setembro de 2013.
De Ollantaytambo / Peru a Santa Lucia / Peru (465 km).
No interior do Peru, se assustaram, riram de nós e acharam que homens motociclistas eram ETs (extraterrestres). Paciência!... Este é o relato de mais um dia na Expedição América do Sul, uma viagem de moto que fiz acompanhado do primo Pedro passando por alguns países da América do Sul durante o mês de setembro de 2013. Uma viagem extraordinária em que foram vivenciadas muitas emoções ao longo do trajeto. Passamos calor e frio, tivemos alegrias e dificuldades, momentos de tranquilidade e apreensão. Continue lendo para acompanhar a viagem.
Meio doloridos. Mas, para baixo, todo santo ajuda
Para começar, acordamos cedo, tomamos café, montamos as malas nas motos e saímos. Confesso que ainda estava com o corpo um pouco dolorido, mas, o fato de ter descansado todo o tempo no dia anterior ajudou bastante.
Então, pelas 10h, saíamos da cidade de Ollantaytambo satisfeitos com a estadia e o passeio realizado em Machu Picchu.
Começamos a descer a serra, no sentido de volta para Juliaca. Como de costume, o cuidado com os animais na estrada era constante. Por outro lado, imprimindo uma velocidade mais devagar, pudemos observar a paisagem que não conseguimos ver na chegada em Cusco, pois, tínhamos viajado um bom período durante a noite naquele dia.
Almoço ao ar livre
Lá pelas tantas do meio-dia, a fome apertou... era hora do intervalo para o almoço.Minha nossa!
Estão de brincadeira conosco
Após um bocado de curvas e belas paisagens......Chegamos na cidade de Sicuani. Nesse ponto nos deparamos com um desvio que nos faria chegar em Chivay, nosso próximo destino.
Em casa (no Brasil), na fase de planejamento, enquanto traçava o trajeto da viagem, me vi diversas vezes tentando encontrar informações claras e objetivas sobre esse trecho do roteiro. Considerava-o o mais obscuro de todo o percurso, pois, em seu percurso havia muitos desvios secundários para outros lugares. Assim, ponderei bastante sobre a possibilidade de seguir pela rota principal e mais segura, passando por Juliaca.
Posso dizer, sem dúvida alguma, que se o planejamento fosse para realizar uma viajem solo, não exitaria em escolher a rota principal a fim de minimizar os riscos e evitar problemas. Porém, como estaria com o Pedro, ao confrontá-lo com essa questão (e eu o deixava a par de cada informação que encontrava), analisamos as alternativas e preferimos deixar a escolha, sobre qual caminho seguir, para o momento em que necessitássemos decidir a respeito.
Assim, precisamente, lá estávamos. Entre seguir para Chivay pela rota principal, mais longa e confortável, ou pegar o desvio (atalho), mais estimulante e desafiador, uma decisão foi tomada: como o "belo passeio" que pretendíamos já tornara-se uma aventura dias atrás, então, optamos por seguir pela rota mais desafiadora. Consequentemente, poucos metros mais à frente, nos desviamos para a direita no sentido para Arequipa, com parada obrigatória em Chivay (no meio do caminho).
Logo no início do trajeto paramos para perguntar aos moradores locais e confirmar se aquele caminho chegaria em Chivay. Eles nos confirmaram que sim, porém, tive uma péssima impressão, pois, da maneira como se comportaram pensei que não tivessem sido muito honestos conosco. Assim, um pouco mais adiante, paramos para perguntar novamente e tive a mesma impressão anterior.
Preciso dizer que já começava a ficar em dúvida sobre se esse seria o melhor trajeto a percorrer. Ao avançarmos mais alguns km, em estrada de terra muito ruim, pois, o asfalto já tinha acabado, parei a fim de perguntar novamente e tirar a prova.
Desci da moto e ao chegar na porta de entrada de uma pequena venda os integrantes já começaram a rir. Vi, pelo menos, que havia um homem e uma mulher no interior e a mulher que veio me dar atenção estava com uma fisionomia muito esquisita. Pois bem, assim que lhe indaguei sobre Chivay ela respondeu qualquer coisa e me deu as costas.
Não entendi mais nada. Minto, pensando melhor, entendi tudo! Num lugar onde parece não haver leis de trânsito e todos andam de moto sem capacete, sem nenhum item de proteção para o corpo, muitas vezes carregando a família inteira – de três ou quatro integrantes – sobre duas rodas... é óbvio que quando aparece um sujeito como eu, ocupando sozinho todo o espaço de uma moto grande, carregada de bagagem, coberto por uma “armadura” que ia dos pés à cabeça, com um capacete com mil penduricalhos – como câmera de vídeo e suportes colados e amarrados em toda a sua extensão – uma das poucas reações compreensíveis para o momento, claramente, seria a de uma bem dada gargalhada e, consequentemente, chamar de ET (extraterrestre) depois.
Não entendi mais nada. Minto, pensando melhor, entendi tudo! Num lugar onde parece não haver leis de trânsito e todos andam de moto sem capacete, sem nenhum item de proteção para o corpo, muitas vezes carregando a família inteira – de três ou quatro integrantes – sobre duas rodas... é óbvio que quando aparece um sujeito como eu, ocupando sozinho todo o espaço de uma moto grande, carregada de bagagem, coberto por uma “armadura” que ia dos pés à cabeça, com um capacete com mil penduricalhos – como câmera de vídeo e suportes colados e amarrados em toda a sua extensão – uma das poucas reações compreensíveis para o momento, claramente, seria a de uma bem dada gargalhada e, consequentemente, chamar de ET (extraterrestre) depois.
Muito bem, é claro que eu, bobo que sou e com todo o meu espírito esportivo, achei graça também. Depois que a mulher virou as costas um homem se aproximou dizendo que, para chegar em Chivay, seriam uns 20 km e levaríamos umas 2hs até lá. No mesmo instante, fiquei descrente sobre se essa seria a alternativa de rota mais acertada para seguirmos até Chivay, pois, sabia que seria bem mais do que a quilometragem anunciada - no mínimo, mais de 150 km - e as condições da estrada já se mostravam bastante precárias.
Assim, rápida e objetivamente, agradeci!
Assim, rápida e objetivamente, agradeci!
E aí, vamos por aqui mesmo? Melhor não
Dei meia volta em direção à moto e, ao me afastar alguns passos, presenciei o fato de que aqueles risos iniciais instintivos e contidos, suprimidos posteriormente pelo constrangimento frente à minha presença “face a face” (apesar de eu estar de capacete), se transformaram em estrondosas gargalhadas que ecoaram por todo o vale à frente e, penso eu, certamente provocaram algumas rachaduras e arrancaram lascas do batente da porta, tamanha a força e intensidade com que se projetaram para fora daquele cômodo. Então, ao chegar perto do Pedro, gritei para ele:
“Vamos voltar, por aqui não vai dar certo.”
O relógio já passara das 14h e, de qualquer maneira, preferimos aumentar a distância, dando a volta por Juliaca, pois, é a rota principal e o caminho é todo asfaltado e mais seguro. O desvio, que decidimos não mais seguir, era em boa parte formado por estrada de chão de terra, o que absolutamente comprometeria o tempo e rendimento da viagem, sem falar no completo desconhecimento que tínhamos sobre os recursos de infra-estrutura para abastecimento e hospedagem ao longo desse percurso.
Por outro lado, o incômodo do maior caminho pode até ter sido mais fatigante, contudo, nem um pouco entediante, sendo seu desconforto constantemente destilado pelo antídoto das belas paisagens.
Em vários momentos... atenção redobrada no cruzamento com a via ferroviária.
Em vários momentos... atenção redobrada no cruzamento com a via ferroviária.
...E tome altitude.
...Mais um pouco, e alcançaríamos as nuvens. Vejam como estavam baixas.
No andar da carruagem, o dia foi ficando dourado.
Demoramos um pouco para atravessar a cidade. Precisamos pedir informação para encontrar o desvio correto.
A estrada, de tão bem demarcada, parecia pista de pouso de e decolagem.
Porém, logo após passarmos por Juliaca, no distrito de Santa Lúcia, resolvemos encerrar o percurso do dia e procurar um local para dormir porque já era noite, quase 20h, e fazia muito frio.
...Mais um pouco, e alcançaríamos as nuvens. Vejam como estavam baixas.
No andar da carruagem, o dia foi ficando dourado.
Atenção! Frio. Melhor parar
À medida que nos aproximávamos de Juliaca, o sol nos abandonava, mais trânsito enfrentávamos e mais frio ficava, nos obrigando a parar para colocar o forro interno da jaqueta.Demoramos um pouco para atravessar a cidade. Precisamos pedir informação para encontrar o desvio correto.
A estrada, de tão bem demarcada, parecia pista de pouso de e decolagem.
Porém, logo após passarmos por Juliaca, no distrito de Santa Lúcia, resolvemos encerrar o percurso do dia e procurar um local para dormir porque já era noite, quase 20h, e fazia muito frio.
Pedimos informação na entrada da cidade e logo encontramos um hotel - bastante rústico e com banheiro fora do quarto e nas mesmas condições da simplicidade do local.
Compramos lanche em uma pequena venda ao lado do hotel que era, pelo que pude perceber, pertencente ao mesmo dono.
Compramos lanche em uma pequena venda ao lado do hotel que era, pelo que pude perceber, pertencente ao mesmo dono.
Como de costume, guardei as imagens e vídeos registrados durante o trajeto do dia e fui dormir. Sinto informar, mas, nesse dia, não houve condições para banho.
Hotel: $12,50 nuevos soles (US$4,45)
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