Sábado, 14 de setembro de 2013.
Ollantaytambo/Peru (0 km).
Após o bonito e cansativo passeio à cidade de Machu Picchu, um dia em coma. Descanso e reflexões sobre a viagem de moto... Este é o relato de mais um dia na Expedição América do Sul, uma viagem de moto que fiz acompanhado do primo Pedro passando por alguns países da América do Sul durante o mês de setembro de 2013. Uma viagem extraordinária em que foram vivenciadas muitas emoções ao longo do trajeto. Passamos calor e frio, tivemos alegrias e dificuldades, momentos de tranquilidade e apreensão. Continue lendo para acompanhar a viagem.
Quem sou? Onde estou?
O relógio não tocou nesse dia obviamente, pois, foi consciente e oportunamente desligado na noite anterior.
Lá pelas tantas da manhã, por algum milagre da natureza, minha alma conseguiu retornar ao corpo, largado e estatelado na cama, na mesma posição em que havia adormecido desde o último instante de consciência da noite anterior.
Quem sou? Onde estou? O que faço? Aos poucos recobrei a consciência! Contudo, a única coisa que sentia era o corpo pesado, quase que pregado ao colchão, como se um caminhão tivesse passado por cima, não uma, mas, inúmeras vezes. Assim, sem conseguir mover fisicamente um dedo sequer, a não ser o que somente a imaginação permitia... continuei ali, imóvel, como num estado de catalepsia.
Nesse meio tempo, uma pálpebra se entreabre. E o que vejo? Bagunça, muita bagunça: alforges e bauletos espalhados pelo chão; a roupa suja do dia anterior amontoada no pé da cama, ao lado daquelas que foram retiradas da bagagem e que não foram usadas; um sem número de elásticos-aranha e cordas de amarração de bagagem que, provavelmente, já teriam formado algum nó que levaria anos para ser desfeito; baterias e carregadores de bateria e fios e equipamentos eletrônicos e extensões elétricas ocupando o espaço aberto entre as malas de viagem... e parte (a que o campo de visão do olho entreaberto conseguia ver) de uma perna de calça que deveria estar pendurada em algum varal do Pedro.
Sem apresentar resistência, a pálpebra entreaberta cerrou-se, e assim que terminei de concluir que nesse dia não haveria viagem de moto, iniciou-se novamente o processo de hibernação do corpo. Bem, pelo menos já havia saído do coma e o quadro era estável.
Ahhh! Mas, e as notícias do Pedro? Que Pedro? Quem é Pedro? Sabe-se lá do paradeiro desse tal Pedro! Minha consciência e minha metade de olho aberta só me permitiram ver o que listei acima.
Coragem! É preciso reagir
Em outras tantas da manhã, um pouco mais recuperado, tomei coragem e levantei da cama para ir passar uma água no rosto.
Depois, troquei de roupa, vesti o chapéu de Machu Picchu que havia comprado para guardar como lembrança e verifiquei o tempo lá fora...