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domingo, 17 de novembro de 2013

Dia 11. Procura-se motociclista desaparecido


Segunda-feira, 09 de setembro de 2013.
1a parte: De La Paz/Bolívia a Coroico/Bolívia (130 km).
2a parte: De La Paz/Bolívia a Copacabana/Bolívia (150 km).


Onde ele está? Para onde foi? O que aconteceu? Uma pose para foto e um motociclista desaparecido entre La Paz e Copacabana... Este é o relato de mais um dia na Expedição América do Sul, uma viagem de moto que fiz acompanhado do primo Pedro passando por alguns países da América do Sul durante o mês de setembro de 2013. Uma viagem extraordinária em que foram vivenciadas muitas emoções ao longo do trajeto. Passamos calor e frio, tivemos alegrias e dificuldades, momentos de tranquilidade e apreensão. Continue lendo para acompanhar a viagem.


Trajeto do dia:

Trajeto de La Paz/Bolívia a Copacabana/Bolívia - 150 km.
Trajeto de La Paz / Bolívia a Copacabana / Bolívia.
Trajeto detalhado:

Trajeto detalhado de La Paz/Bolívia a Copacabana/Bolívia - 150 km.
Trajeto detalhado de La Paz / Bolívia a Copacabana / Bolívia.

Como se não tivesse aprendido nada

O despertador tocou às 6h, como sempre. Assim que levantei, fui transferir as fotos e filmagens do dia anterior para o computador e verificar os registros do passeio na estrada da morte. Qual não foi a minha frustração, depois daquele sacrifício todo, ao ver que as imagens não ficaram muito boas. Ao prender a câmera, coloquei-a num suporte fixado na parte de cima do capacete, mas, de uma maneira que ela não ficou corretamente posicionada e, assim, as filmagens exibiram mais o chão do que as belas paisagens por onde passamos. Fiquei muito chateado.


Em seguida, por volta das 7h, comecei a arrumar as coisas para partirmos. Esse dia também seria tranquilo, em termos de distância, pois, percorreríamos apenas 150 km até a cidade de Copacabana, onde teríamos mais pontos turísticos a visitar.

Enquanto isso, o Pedro já havia acordado e recordávamos, agora afiados de piadinhas e cheios de risos, as dificuldades passadas no dia anterior. Logo retruquei, num tom de ironia e humor negro:

“Éhhh Pedro, se não tomar cuidado, essa estrada da morte mata mesmo!” E demos boas gargalhadas.

Terminada a cópia das filmagens para o PC, no meio da arrumação da bagagem, ainda reclamando das péssimas gravações que havia feito na estrada da morte, viro para o Pedro e pergunto:

“Hoje, vamos andar somente 150 km até Copacabana, não é mesmo?”

Ele olhou de volta, deu uma risadinha (como se já tivesse entendido tudo), e antes mesmo que ele respondesse algo fiz o pronunciamento: 

“Vou voltar lá!” E ainda resmunguei: 

“Não andei mais de 3000 km, até aqui, para registrar essas porcarias de imagens!” Dessa vez, a gargalhada foi só do Pedro.

Num consentimento imediato, convenientemente, ele respondeu (não lembro se exatamente com essas palavras): - Então, tá! E depois completou dizendo que poderia aproveitar para descansar mais um pouco e ainda deixar algumas roupas secando, como de costume. Achei ótimo.

 

Mais uma vez, então

Para não comprometer o cronograma do dia, combinei com o Pedro que não iria percorrer todo o percurso da estrada da morte e desceria, apenas, até uma determinada parte e retornaria em seguida. No máximo, até 13h, estaria de volta em La Paz.

Então, dessa vez, sem cometer um segundo erro, reforcei a roupagem do corpo. Até mesmo amarrei dois pares de sacolas plásticas em cada pé para dar mais segurança contra alguma chuva que caísse. Eu sabia que se chovesse não iria molhar novamente, pois, vestiria a capa de chuva em tempo. O problema do resfriamento dos meus pés, na noite anterior, ocorreu porque tomei chuva com uma calça que não era totalmente impermeável e, assim, a água da chuva escorreu para os pés. Mas, a lição foi aprendida.

Preparando para voltar à estrada da morte para registrar novas fotos.
Preparando para voltar à estrada da morte para registrar novas fotos.
Ainda separei mais alguma reserva de roupas para deixar no baú da moto e, num pulo (não literalmente, pois, estava no quarto andar), já me encontrava saindo do hotel, rumo à estrada da morte, para registrar novas imagens. A saída foi complicada, pois, era trânsito de segunda-feira e um dia de trabalho normal em La Paz.

Congestionamento na saída de La Paz.
Congestionamento na saída de La Paz.
Algumas belas imagens pelo caminho.

Belo amanhecer.
Belo amanhecer.

Bela vista das montanhas.
Bela vista das montanhas.

Bonita paisagem.
Bonita paisagem.

Um vale de cor alaranjada.
Um vale de cor alaranjada.
No meio do caminho, num posto de controle sanitário, fui obrigado a parar para revista e esclarecimentos.

Militar fiscalizando a bagagem.
Militar fiscalizando a bagagem.
O local onde paramos na noite anterior e onde fui obrigado a cortar o forro interno da minha luva (em frente à casa vermelha).

Pequeno vilarejo no caminho para Coroico.
Pequeno vilarejo no caminho para Coroico.
Antes de chegar à entrada principal da estrada da morte, há uma outra que também chega até Coroico, porém esta, com uma distância maior. Ainda pretendo voltar para percorrê-la, numa outra oportunidade.

Primeira saída para Coroico. Caminho mais longo.
Primeira saída para Coroico. Caminho mais longo.
A seguir, o posto onde havíamos parado, no fim da tarde do dia anterior, a fim de nos prepararmos para a dura subida até La Paz.

Posto de abastecimento entre La Paz e Coroico.
Posto de abastecimento entre La Paz e Coroico.
Retornando à estrada da morte tirei novas fotos e registrei boas imagens, compensando o descuido do dia anterior.

Vista bonita da entrada da estrada da morte.
Vista bonita da entrada da estrada da morte.

Placa instrutiva para percorrer pela estrada da morte.
Placa instrutiva para percorrer pela estrada da morte.

Pose para foto na estrada da morte.
Pose para foto na estrada da morte.

Belas montanhas.
Belas montanhas.

Um corte de estrada na rocha.
Um corte de estrada na rocha.

Matagal à frente.
Matagal à frente.

Pose para foto antes de retornar para La Paz.
Pose para foto antes de retornar para La Paz.

Tudo bem, já chega

Vendo a estrada por um ângulo diferente.
Vendo a estrada por um ângulo diferente.

Picos nevados ficando para trás.
Picos nevados ficando para trás.
Dito e feito! Às 1215 cheguei no hotel e terminei de arrumar a bagagem. Almoçamos num restaurante no mesmo quarteirão do hotel e saímos por volta das 15h. Por ser uma segunda-feira, o trânsito estava bastante tumultuado na saída e após pedirmos informação no pedágio conseguimos acessar, facilmente, o caminho para Copacabana.

Saindo para Copacabana.
Saindo para Copacabana.

Saindo para Copacabana. Congestionamento.
Saindo para Copacabana. Congestionamento.

Onde foi parar o Pedro?

Seguimos uns 70 km. Eu estava na frente e me distanciei um pouco. Quando notei, o Pedro já não aparecia mais no retrovisor. Então, resolvi diminuir para ver se ele conseguia se aproximar. Nada! Dei meia volta e retornei.

Muitas retas no caminho para Copacabana.
Muitas retas no caminho para Copacabana.
Enquanto voltava, e os km iam passando sem que o encontrasse, comecei a achar estranho. Logo pensei: será que saiu da estrada e se afastou um pouco e, sem perceber, passei reto? Será que esqueceu alguma coisa no último posto de abastecimento e foi buscar? Assim, a partir do ponto em que parei para retornar andei uns 10 km e não vi sinal do Pedro.


Então, resolvi voltar ainda mais, até o segundo posto de pedágio que havíamos passado (uns 20 km a partir do ponto de onde retornei para procurar o Pedro), a fim de perguntar aos policiais que estavam lá se tinham visto algum motociclista passar no sentido para La Paz. Disseram que não viram nenhuma moto grande passar, desde o momento em que estivemos ali.


De posse dessa informação, decidi andar em direção a Copacabana novamente para procurar com mais cuidado e assim o fiz por uns 15 km a partir daquele posto de controle, sem obter sucesso na procura. Nesse momento já começava a imaginar que pudesse ter havido algo mais sério: Assaltantes cercaram-no e o obrigaram a sair e se afastar da estrada rapidamente? Ou em uma má sorte sofreu um acidente e, coincidentemente, caiu em uma das valetas que existiam ao longo da estrada?


Ainda imaginando que tivesse voltado para buscar algo perdido e que os policiais não o perceberam passar de volta pelo posto de controle... decidi retornar no sentido para La Paz uma vez mais, porém agora, até o posto de gasolina onde abastecemos 30 km antes. Assim o fiz.


Ao chegar no posto de gasolina, logo procurei o policial com quem havíamos conversado, no momento do abastecimento, para indagá-lo a respeito do Pedro. Ele se lembrou de mim e me deu certeza de que o “cara da motoca azul” não passara por lá novamente.

 

Sinto muito! Não há o que fazer


Bem, com o Pedro desaparecido, diante das possibilidades, aproveitei que havia sinal no meu celular e, então, liguei para casa com a intenção de pedir aos meus familiares que avisassem-no, através de comunicados em seu perfil em uma rede social, que eu continuaria a viagem e seguiria para a próxima cidade (Copacabana/BO) onde deveríamos pernoitar, como programado para esse dia de viagem.

Dessa forma, assim que ele tivesse acesso à internet se informaria sobre minha localização. Abasteci novamente o tanque da moto e segui rumo a Copacabana. Já à noite, peguei uma balsa para atravessar o “Estrecho de Tiquina”, no lago Titicaca, entre as cidades de Huarina e Copacabana.

Balsa para atravessar o Lago Titicaca a noite.
Balsa para atravessar o Lago Titicaca a noite.
Apesar de ter dirigido à noite, em terras desconhecidas, o que não é muito aconselhável, peguei uma estrada muito boa e bem sinalizada. Parecia uma pista de pouso e decolagem de grandes aeroportos.

Boa sinalização na estrada. Parece pista de aeroporto.
Boa sinalização na estrada. Parece pista de aeroporto.

Surpresa!

Ao chegar em Copacabana, pelas 9h, resolvi parar na porta do primeiro hotel que vi. Pensando que ainda teria que procurar pelo Pedro, ao estacionar e descer da moto, um funcionário do hotel já me abordou perguntando se eu estava junto com outro motociclista em uma moto grande e azul. Surpreso, acenei com a cabeça indicando que sim e falei que o nome era Pedro. Então, o funcionário deu-me a certeza de que ele estava hospedado ali mesmo e me informou que eu já poderia guardar a moto na garagem, caso quisesse.

Hotel em Copacabana / Bolívia.
Hotel em Copacabana / Bolívia.
Ao ouvir o barulho da moto, adivinhem onde o Pedro apareceu para acenar: sim, na janela do terceiro andar de um hotel sem elevador e só com escadaria.

Olhando para o terceiro andar onde ficamos hospedados.
Olhando para o terceiro andar onde ficamos hospedados.

Explique "tim tim" por "tim tim"

Após descer ele explicou o motivo do desencontro, pois, havia avistado uma montanha nevada ao longe e então diminuiu e se afastou um pouco da estrada, num declínio, para bater fotos... o que foi suficiente para que eu não o percebesse no momento em que havia retornado para procurá-lo.

Pedro saindo da estrada para tirar fotos.
Pedro saindo da estrada para tirar fotos.
Foto cedida pelo Pedro.
E realmente não o percebi quando voltei para procurá-lo, pois, num momento de distração, passei direto pelo ponto onde ele havia parado e saído da estrada. Reparem no canto superior esquerdo, da próxima foto, onde o Pedro estava quando passei por ele.

Não vi o Pedro no canto esquerdo da estrada.
Não vi o Pedro no canto esquerdo da estrada.
Demos boas risadas quando reviramos as imagens registradas e achamos a próxima imagem entre elas. O Pedro havia posicionado seu capacete em cima da moto e com a câmera voltada para a estrada e, bem ao fundo, mostra um pontinho preto passando pela estrada. Sim, era eu.

Pedro tirando foto dos picos nevados.
Pedro tirando foto dos picos nevados.
Foto cedida pelo Pedro.
Enquanto isso, eu voltava ainda mais até o posto de controle para indagar o policial de plantão.

Voltando para procurar o Pedro no pedágio.
Voltando para procurar o Pedro no pedágio.
Ao mesmo tempo, estranhando a minha demora, o Pedro achou que eu não havia parado e, então, seguiu em frente registrando belas imagens.

Foto das montanhas nevadas.
Foto das montanhas nevadas. Foto cedida pelo Pedro.

Bela vista do Lago Titicaca.
Bela vista do Lago Titicaca. Foto cedida pelo Pedro.

Lago Titicaca logo à frente.
Lago Titicaca logo à frente. Foto cedida pelo Pedro.
A balsa por onde passei, mais à noite.

Balsa para atravessar o Lago Titicaca.
Balsa para atravessar o Lago Titicaca.
Foto cedida pelo Pedro.

Pedro em cima da balsa no Lago Titicaca.
Pedro em cima da balsa no Lago Titicaca.
Foto cedida pelo Pedro.

Copacabana / Bolívia ao longe.
Copacabana / Bolívia ao longe. Foto cedida pelo Pedro.

Entardecer a caminho de Copacabana / Bolívia.
Entardecer a caminho de Copacabana / Bolívia.
Foto cedida pelo Pedro.

Pedro apresentando documentação na entrada de Copacabana / Bolívia.
Pedro apresentando documentação na entrada de Copacabana / Bolívia.
Foto cedida pelo Pedro.
Vai explodir!!!

Fogo no matagal da Bolívia.
Fogo no matagal da Bolívia. Foto cedida pelo Pedro.


Tudo certo, então

Tudo bem, um contratempo pode acontecer. É parte da aventura. Quando cheguei, guardei minhas coisas e saí para comer algo, pois, o Pedro chegara cedo e já tinha jantado. 

Quarto do hotel em Copacabana / Bolívia.
Quarto do hotel em Copacabana / Bolívia.
Na verdade, não jantei. Quando passei na frente de uma pequena venda, não resisti e comprei Inca Cola, salgadinhos e chocolate.

Lanche no fim do dia de viagem.
Lanche no fim do dia de viagem.
Quando voltei, fiz o backup das fotos e filmagens, atualizei meu diário e fui dormir porque, na manhã seguinte, acordaríamos bem cedo para irmos à Ilha do Sol.

Hotel: $190 bolivianos (US$27,30) pagos ao hotel de La Paz por avançar o horário de check out + $35 bolivianos (US$5,03) em Copacabana.

Dicas de viagem

  • No dia em que pequei a balsa tive sorte, pois, cheguei faltando apenas 15 minutos para encerrarem a travessia de barco nessa parte do Lago Titicaca. Portanto, quem vai fazer a travessia deve se apressar porque as atividades cessam a partir de 20h.



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