Quarta-feira, 04 de setembro de 2013.
De San José de Chiquitos/Bolívia a Samaipata/Bolívia (395 km)
Em cima de uma moto não há conforto. Passa-se do calor intenso ao frio congelante em pouquíssimos km. Esteja sempre prevenido... Este é o relato de mais um dia na Expedição América do Sul, uma viagem de moto que fiz acompanhado do primo Pedro passando por alguns países da América do Sul durante o mês de setembro de 2013. Uma viagem extraordinária em que foram vivenciadas muitas emoções ao longo do trajeto. Passamos calor e frio, tivemos alegrias e dificuldades, momentos de tranquilidade e apreensão. Continue lendo para acompanhar a viagem.
Trajeto do dia:
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Trajeto de San José de Chiquitos/Bolívia a Samaipata/Bolívia. |
Trajeto detalhado:
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Trajeto detalhado de San José de Chiquitos/Bolívia a Samaipata/Bolívia. |
A presença do exército em postos bolivianos
Acordei 07h45 e tirei uns poucos minutos para atualizar o diário de viagem. Pouco tempo depois, o Pedro acorda, ainda reclamando de algumas dores nas costelas. Minutos após, foi consultar os mapas e revisar o trajeto do dia.
Quarto do hotel em San José de Chiquitos.
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Pedro revendo trajeto do dia na Bolívia. |
Em seguida, arrumamos as demais coisas e carregamos as motos. A partir desse dia, passei a deixar alguns suportes constantemente fixados na moto, para evitar perder tempo toda vez que iria usá-los, assim, como estávamos em dois as motos nunca ficavam fora da nossa vista. Conseguimos sair às 09h45 nesse dia.
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Partindo para Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
O tanque da moto ainda não estava cheio, e os galões reserva (meu e do Pedro) também não. Passamos em um posto de gasolina na saída da cidade, mas, antes disso, em uma venda para comprarmos mais água.
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Parada para comprar água. |
Na imagem a seguir, reparem nos militares, à direita, que fiscalizavam as atividades de abastecimento:
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Posto de combustível com tropa militar boliviana. |
Pé na estrada
Quase não vimos asfalto ou calçamento na cidade, exceto nas redondezas da praça principal e em algumas poucas ruas que deviam ser as principais.
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Ruas de chão de terra em San José de Chiquitos / Bolívia. |
Na Bolívia, motos não pagam pedágio, entretanto, a poucos km da saída de San José de Chiquitos, no momento em que eu passava devagar pela janela do funcionário do posto de pedágio (eu iria continuar sem parar), ele deu um grito e disse que o pedágio deveria ser pago. Fiquei surpreso porque já havíamos passado por outro e nos tinham informado sobre a isenção para motocicletas. Enfim, como eu era o visitante, e sem conhecer muito sobre as leis locais, não retruquei e terminamos por pagar $10 bolivianos (US$1,44) cada um. Esse acabou sendo, realmente, o único pagamento de pedágio que fizemos em toda a Bolívia.
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Primeira praça de pedágio na Bolívia. Motos não pagam. |
Entre San José de Chiquitos e Tres Cruces, sob forte calor, paramos para almoçar em um restaurante na beira da estrada e comemos um belo PF de frango grelhado com arroz, batata e salada de tomate, alface e repolho.
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Parada estratégica para o almoço. |
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Frango frito. Uma delícia! |
Continuando a viagem, passamos por belas paisagens...
Em meio à bagunça das grandes cidades
Naturalmente, à medida que nos aproximávamos de Santa Cruz, a estrada ficava mais movimentada, algumas ultrapassagens:
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Movimento de veículos chegando em Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
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Muitas ultrapassagens chegando em Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
Nas proximidades de Santa Cruz, havia muita bagunça no trânsito: os bolivianos buzinam demais e não respeitam a sinalização, fazendo muitas ultrapassagens e conversões arriscadas.
Um pouco mais adiante, já no limite urbano de Santa Cruz, pedimos informação ao motorista que dirigia um carro de serviço e ele e seu colega foram muito atenciosos.
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Pedindo informação em Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
Eu estava na frente e deveríamos contornar o aeroporto para chegar à outra rodovia (auto-pista), mas, não consegui ler a placa da direção do aeroporto, pois, havia um carro que “colou” na minha traseira e tive que vigiá-lo para me livrar dele. Assim, errei o caminho e a direção do aeroporto, mas, o Pedro correu atrás novamente e me alertou.
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Pedro corrigindo o caminho tomado errado em Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
O trânsito em Santa Cruz, pelo menos onde estávamos, era muito caótico e congestionado.
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Trânsito congestionado em Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
Em seguida, paramos para pedir informações e nos refrescarmos.
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Para estratégica para descanso em Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
Achamos a saída e, logo, paramos para abastecer as motos.
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Policial fazendo pressão em Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
No final, o fiscal do posto já havia "largado tudo", ficando de "prosa fiada" conosco enquanto terminávamos de guardar as garrafas de água compradas na lanchonete do posto, mas, no início, ele estava "só ferroando" (quero dizer, escrevendo no seu bloquinho. Mas, não houve nada, deviam ser apenas lembretes de rotina). Logo antes de abastecer, também precisamos apresentar documentos para conferência.
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Apresentando documentação em posto de combustível de Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
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Apresentando documentação em posto de combustível de Santa Cruz de La Sierra / Bolívia. |
A passos lentos
Perdemos muito tempo entre Santa Cruz e La Angustura, pois, eram muitas cidades próximas umas das outras e com milhares (tudo bem, nem tanto, apenas centenas) de redutores de velocidade, o que nos obrigava a trafegar em uma velocidade mais reduzida, sofrendo com o calor. Tudo bem, tudo isso foi recompensado com a vista de belas paisagens.
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Bela paisagem. Sol de pondo atrás das árvores. |
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Bela paisagem. Sol de pondo atrás das árvores. |
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Um show à parte dos Ipês. |
No "pé da serra", fomos obrigados a parar na fiscalização e apresentarmos os documentos, que, naturalmente, estavam em ordem.
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Corda atravessada na estrada no posto de controle da polícia. |
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Posto de controle da polícia. |
Continuamos a viagem nos deparando com paisagens muito bonitas de serra.
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Belo entardecer. Subindo a serra. |
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Subindo a serra e o frio chegando. |
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Adicionar legenda |
Nesse momento de subida da serra, como o sol já estava atrás das montanhas, começou a esfriar bastante, e bem rápido, ao contrário do extremo calor que vínhamos sentindo. Foi inacreditável como, em pouco tempo de subida, o calor cedeu lugar ao frio e como nossas roupas, antes, quase encharcadas pelo suor, agora, nos faziam quase tremer de frio.
Também, fomos obrigados a redobrar a atenção porque, subitamente, e sem aviso prévio, no meio de qualquer curva, poderia desaparecer o asfalto e surgir aquele pedaço de chão, com terra e areia fofa, como aconteceu várias vezes durante a subida de serra até Samaipata. Esse tipo de terreno é bom para derrubar motociclistas desatentos.
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Pontos de estrada de terra na subida da serra. |
Siga-me!
No alto da serra, já próximos a Samaipata, por causa da má sinalização e por já estar escuro (19h), pedimos informação a um senhor que estava em um ponto de táxi / ônibus. Ele foi bastante atencioso conosco. Agradecemos e seguimos em frente. Mais alguns km e nos confundimos novamente e, de repente, passa de carro o mesmo senhor que nos havia ajudado anteriormente, nos dizendo para segui-lo, pois, iria a Samaipata também, como nós.
Concordamos com a ideia e começamos a acompanhá-lo. Já estava um pouco cansado, mas, fiquei desperto novamente porque, nesses momentos, fico sempre mais receoso de que seja alguma trama para um assalto. Sempre prefiro acreditar na boa vontade das pessoas, mas, não custa nada uma pitada de maior atenção.
Rapidamente conseguimos chegar à praça principal de Samaipata e, tão logo, procuramos um hotel que, na verdade, era um albergue e cujo dono nos deixou colocar as motos no hall de entrada.
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Chegando no albergue em Samaipata / Bolívia. |
Descarregamos tudo e nos acomodamos no quarto.
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Quarto do hotel em Samaipata / Bolívia. Foto cedida pelo Pedro. |
Utilizamos a internet, limitada em uma hora, apenas para avisarmos os familiares que chegáramos bem. Além disso, o Pedro tentou, sem sucesso, habilitar seu celular para uso no exterior.
Após um banho rápido, saímos para comer uma pizza, de massa muito boa e crocante.
Ao voltarmos, coloquei meus equipamentos eletrônicos para carregar e apaguei, sem bateria reserva, pois, estava dolorido e muito cansado por causa do calor do dia e esforço da subida da serra.
O Pedro tratou de arrumar o seu varal...
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Varal estendido no quarto do hotel. |
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Roupas secando no varal do Pedro. Foto tirada na manhã seguinte. |
Hotel: $50,00 bolivianos (US$7,18)
Dicas de viagem
- Cuidado com motoristas bolivianos, eles não dirigem bem e costumam descaradamente desobedecer a sinalização de trânsito. Além disso, não confie totalmente na sinalização, pois, em muitos casos ela está feita de forma incorreta e duvidosa.
- Cuidado nas proximidades de vilarejos e praças de pedágio. É um (mau) hábito comum a polícia atravessar cordas ao longo da estrada para reter o tráfego. Em uma dessas um motociclista mais desatento pode ir para o chão.
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