Segunda-feira, 02 de setembro de 2013.
De Campo
Grande/MS/Brasil a
Corumbá/MS/Brasil (425 km)
Trajeto do dia:
Trajeto de Campo Grande/MS a Corumbá/MS. |
Trajeto detalhado:
Trajeto detalhado de Campo Grande/MS a Corumbá/MS. |
Um pouco doloridos, mas, revigorados
Não consegui dormir muito bem por causa de algumas dores musculares, mas, como havia ficado mais quieto durante o dia anterior, e à noite, pude acordar com o corpo mais descansado, apesar das poucas horas de sono que tive.
Eram 06h50 quando o
despertador tocou. Escrevi um pouco no diário e levantei em seguida.
O Pedro fez o mesmo assim que conseguiu sair do coma.
Pedro descansando. Quase em coma. Foto cedida pelo Pedro. |
Em seguida, fomos tomar café no
restaurante do hotel, às
07h45. Comi pão com presunto, queijo e ovos mexidos, acompanhado
de suco de laranja. De volta ao quarto, descobri a presença de outro
hospede se esgueirando pelo chão e tratei logo de solicitar que se retirasse do recinto, com urgência.
Visitante inesperado no quarto do hotel. |
Instantes
depois, o Pedro foi consertar algumas das avarias (não sérias) da
moto e realizar outros reparos necessários.
Pontualmente, ao som das 11 badaladas,
mortos-vivos e feridos, adiantados e atrasados, mulas e bestas...
todos se reuniram na praça
central:
Prontos para partir. Rumo a Corumbá / MS. |
...e
quando a trombeta soou, a horda desembestou estrada a fora.
"Tuca pra frente"
Antes de sairmos, combinamos a velocidade de cruzeiro e eventuais paradas para abastecimento... que aconteceriam quando a luz da reserva do tanque acendesse. Como nossas motos eram do mesmo modelo (Yamaha XT660 R, diferentes apenas pelas cores e ano de fabricação – a do Pedro, Azul e 2011/12; a minha, preta e 2010/10), no momento em que a luz da reserva acendesse, saberíamos que a outra moto poderia estar na mesma situação.
No momento da saída, eu estava
sem muita gasolina, pois, já havia andado 60 km na reserva, no
percurso do dia anterior até Campo Grande/MS. Andamos alguns km na
saída da cidade e já estávamos entrando na estrada quando, então,
tive receio de que pudesse ficar sem gasolina.
Assim,
parei e pedi ao Pedro que seguisse um pouco à frente para verificar
quantos km haveria até o próximo posto de gasolina. Pouco tempo
depois, me ligou, avisando que eram poucos, uns dois km.
Abastecemos e continuamos
viagem sob um pouco de chuva que cessou após alguns km.
Saímos com tempo chuvoso de Campo Grande / MS. Foto cedida pelo Pedro. |
Vejam a força dos ventos na copa das árvores.
Vai por mim, vai fazer sol
A parada para o almoço foi por
volta de 13h30, nas redondezas de Miranda/MS e nos servimos de bife
acebolado no self-service do restaurante, à beira da estrada.
Perguntamos para uma das funcionárias como costumavam ser as
condições do tempo naquele trajeto até Corumbá/MS, pois, o tempo
ainda estava nublado (mas, sem chuva), e ela nos disse, com afinco,
que não iria chover.
Ótimo, acreditamos. O
restante do trajeto do dia seria tranquilo (risos... de contentamento
ingênuo, dada a resposta da funcionária). Enquanto isso, paisagens
muito bonitas:
Bela paisagem no caminho para Corumbá / MS. |
Um pouco além dali começamos a andar
por mais retas enormes e, nesse
momento, desisti de continuar a comparar com as de caminhos
anteriores, pois, cada vez que eu via uma reta que achava gigante,
surgia outra, alguns km depois ou no dia seguinte, maior ainda. A
estrada é muito boa, mas, deixa a desejar em alguns trechos:
Estrada com buracos no caminho para Corumbá / MS. |
Um pouco mais adiante, querendo acreditar que a funcionária tentou apenas nos tranquilizar (“me
engana que eu gosto!”), a chuva recomeçou. No início, com alguns
poucos pingos, porém, à medida que os quilômetros passavam, piorou exponencialmente. Quando percebemos, estávamos sob chuva
torrencial e encharcados; o Pedro, porque preferiu não levar capa de
chuva, acreditando que a roupagem dele (igual à minha) iria
aguentar, e eu porque resolvi esperar um tempo mais para ver se o
chuvisco inicial passaria.
Tempo bastante nublado. |
...e a chuva que veio depois:
Tomando chuva torrencial. |
Em alguns trechos quase não trafegava
nenhum carro, apenas as duas motos cruzando o pantanal,
em meio a bandos de aves que quase colidiam com o para-brisa da moto. Às margens da estrada, lagoas repletas de jacarés à espera de
apenas um escorregão. Não paramos para sacar fotos dos animais (sim, já estou
treinando algumas expressões, afinal, estamos quase na fronteira com
a Bolívia...), pois, a chuva era intensa e já
esfriava, nos tirando o ânimo para fazê-lo naquele momento e sob
aquelas circunstâncias. Foi uma pena não termos parado, mesmo sob o
fogo cruzado (ou melhor, chuva cruzada) de São Pedro. Fiquei
arrependido depois. Foi uma oportunidade perdida! Paciência.
Vimos,
também, diversos outros animais típicos da região, mas, o que
impressionava era a enorme quantidade de pássaros no meio da estrada
ou os que passavam cruzando-a, em voos rasantes e suicidas.
Kamikazes. Fomos em baixa velocidade (80-90 km/h), para evitarmos
maiores surpresas e haver mais tempo de reação, caso houvesse
qualquer imprevisto. Como diminuímos o ritmo, a preocupação passou
a ser outra: era uma olhada nas três próximas moitas de cada lado e
outra em cada retrovisor para ver se a onça não vinha correndo
atrás.
Não! Não! Espere. Agora tenho certeza: vai fazer sol
Em certo momento, a chuva começou a
ceder e ficamos aliviados com a possibilidade de continuar,
mais tranquilamente, até Corumbá/MS. Ingenuidade! Era, apenas, o
“olho do furacão”, pois, a tempestade que veio a seguir era tão
ou mais forte que a anterior. Porcaria, como assim esse tanto de
chuva? Li em diversos relatos que o período de setembro é de poucas
chuvas. Também verifiquei em sites de previsão do tempo o volume
estatístico de chuva para esse período da viagem, além de também
saber que o mês de setembro é de poucas chuvas realmente.
Enfim,
paciência! E num percurso de 10 minutos, que havia começado assim:
Belos coqueiros retorcidos pelo vento. |
Foi ficando desse jeito:
Chuva constante até Corumbá / MS. |
E... o céu já estava quase caindo:
Um dia que virou noite no pantanal. |
Em busca de um telhadinho para cobrir a cabeça
Próximo a Corumbá/MS, e com chuva mais amena, pegamos uma estrada bastante suja de terra em alguns pontos. Após entrarmos na cidade, vimos vários hotéis logo na entrada da cidade, mas, fomos até o centro, a fim de ficarmos mais próximos da saída para a fronteira com a Bolívia. Porém, no centro, vimos um hotel que parecia ser caro demais e outro que aparentemente não tinha garagem.
Então, preferimos voltar até a
entrada da cidade para pernoitar em um dos hotéis
que tínhamos visto, pois, estávamos bastante cansados e com fome.
Pedimos pizza, que demorou uma hora e meia para chegar e quase cancelamos o pedido.
Ao contrário das outras acomodações
que eu havia estado, nesse
quarto fazia um calor enorme e havia um ar condicionado que não
funcionava direito.
O Pedro ficou na cama que era beliche
e, após aquela chuvarada, o dia só poderia terminar assim:
Espalhando a roupa molhada pelo quarto do hotel. |
Ele dormiu
na parte de baixo e pendurou as roupas na de cima. Também, usei o pé
da beliche para pendurar algumas roupas. Comparada com outras
decorações, essa era simples e rústica, porém, tornou-se
revigorada e mais enfeitada com a nossa chegada, com camisas, calças,
meias e cuecas que passaram a fazer parte da decoração. Ficou muito
bom!
Inclusive, fiz
questão de colocar a foto abaixo, para ajudar um dos motociclistas
que ali se hospedaram, antes de nós (sim, só pode ter sido outro
como nós), a reconhecer um de seus itens de viagem, esquecido no
banheiro.
Quem esqueceu uma cueca no quarto? |
No mais, depois
de um bom banho e enquanto esperávamos a janta, realizei o backup
das fotos do dia e recapitulamos como seria a entrada na Bolívia e a
rota que deveríamos seguir no dia seguinte. Estávamos apreensivos,
pois, eu havia lido muitos relatos de assaltos nessa região de
fronteira e de policiais corruptos que dificultavam a viagem de quem
cruzava a fronteira e entrava na Bolívia. Passar por esse país, o
mais pobre de todos que iríamos visitar, seria complicado (eu
pensava) e, sem dúvida, esses primeiros 300 km, em torno da
fronteira, seriam a parte mais perigosa de toda a viagem.
Fazendo backup das fotos e vídeos registrados no dia. Foto cedida pelo Pedro. |
Foi um sacrifício esperar a pizza... nesse meio tempo improvisamos os copos.
Depois que jantei fui dormir.
Copos improvisados. |
Hotel: R$35,00 (US$15,21)
Dicas de viagem
- Se seu macacão de viagem não for totalmente impermeável, leve uma capa de chuva e, caso observe que haverá grande possibilidade de chover, vista a capa antes de a chuva começar, pois, você não vai querer se molhar todo enquanto coloca a vestimenta de chuva.
- A previsão do tempo é um recurso muito bom, nos ajuda bastante em determinados momentos, mas, vez ou outra, quando sair de casa, olhe para cima também...
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